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EP.7. COMEBACK

SUNNY

9h43

segunda


Eu estava em mais uma aula entediante da faculdade. Sendo bem sincera, era o único objetivo de estarmos todos naquele campus, mas era a parte com a qual a gente menos se importava. Segunda-feira, então, era um dia péssimo. Dia de voltar à rotina, e parecia reunir as aulas mais chatas da grade.

Eu estava quase cochilando quando Guilherme me cutucou. Ele era meu único amigo próximo naquela sala, e costumava sentar perto de mim. Tínhamos muitas coisas em comum. Éramos capitães de times da Dragões, éramos herdeiros e obrigados pelos pais a participar de coisas que não queríamos, como eventos da elite, reuniões entediantes e a própria faculdade de Gestão. 

Olhei para Guilherme, e ele apontou para a porta. Ela tinha uma parte de vidro que nos permitia ver quem estava do lado de fora. Surpreendentemente, o supervisor Kim estava acenando energicamente para mim. 

Suspirei fundo. Não era uma cena incomum. Eu poderia agradecer Chung Ho Kim por sempre me salvar das aulas monótonas, mas sempre era para me levar para algo pior.

Tentei ser silenciosa ao levantar e sair da sala. Minha surpresa foi ainda mais desagradável quando notei que Baekhye estava com ele. Meu irmão mais velho, com quem eu travava certa guerra, estudava um semestre acima de mim, naquele mesmo curso, então a sala era próxima.

— Chamei os dois para não ter que repetir — disse ele. — A mãe de vocês quer que compareçam ao evento de abertura da Semana Acadêmica de Artes de Combate.

 Claro, só poderia ser isso. Minha mãe não era de pedir aquilo, embora ela mesma precisasse abrir eventos de todos os cursos; mas, sabendo do evento, eu deveria ter adivinhado.

— Vai ser que horas?

— Vocês têm 15 minutos para chegar no auditório Ares. Como isso vai ser longo, ela deixou cada um de vocês levar dois convidados, desde que cheguem na hora ou antes.

— Legal — eu disse. — Vou chamar as meninas.

Chung Ho me olhou com uma expressão hesitante.

— Se você se refere às calouras às quais você se juntou ultimamente, não perca seu tempo. Elas são convidadas do Youngjae.

Ergui as sobrancelhas e cruzei os braços.

— Ah, o Jae também tem direito a convidados? — perguntei, um pouco debochada.

— Você ainda se surpreende? — perguntou Baekie, no mesmo tom. — O Alfa deixa Jae mandar e desmandar naquele curso. Ele poderia levar dez convidados, se quisesse.

— Enfim, se as reclamações tiverem acabado, vejo vocês em quinze minutos.

O supervisor Kim saiu andando na direção onde ficava o auditório Ares, na parte externa do curso de Artes de Combate.

Eu olhei para Baekie, que já começava seu caminho.

— Eu vou chamar meus convidados.

Dei de ombros. Eu realmente tinha criado implicância com ele depois da trairagem que ele fez. Olhei para dentro da sala da qual eu acabava de sair e esperei Guilherme olhar pra mim. Então, o chamei. Ele ficou confuso, mas veio.

— O que foi?

— Quer ir comigo assistir uma palestra?

— Sua mãe tá te obrigando a ir nisso, né?

— É.

— Isso vai ser pior ou “menos pior” que essa aula?

Eu ri.

— Pelo menos vai ser algo diferente — argumentei, dando de ombros.

— Então bora.

— Espera, precisamos pegar o outro convidado, eu disse, começando a andar, fazendo Guilherme me seguir.

— Pode levar duas pessoas? Que chique. Eu nem imagino quem você vai chamar.

— Duda e Maya são convidadas do Jae — expliquei.

Ele virou o rosto, um pouco surpreso com a informação (já que estava namorando Duda há um total de três dias.

— Eu não tava pensando nelas — revelou ele.

Nos apressamos em direção a área onde funcionava o curso de Música. Quando nos aproximamos mais um pouco, Guilherme se pronunciou.

— Acho que eu tava certo.

Ah, era só o que faltava! Mais um lunático achando que eu tenho alguma coisa com ele. Se eu tivesse o mínimo de amizade com qualquer outro aluno de Música, eu teria mudado de ideia. 

— É que eu já chamei as meninas muitas vezes para esse tipo de coisa.

Chegamos na sala do 1º período, e eu tentei chamar a atenção dele. Como não funcionou, mandei uma mensagem pela pulseira.


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Sunny

Olha pra porta.


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Ele abriu a mensagem e olhou. Logo, um sorriso se abriu, e ele voltou a atenção para a pulseira.


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Tae

O que tá fazendo aqui?


Sunny

Vim te arrastar pra uma palestra chata, topa?


Tae

Qualquer coisa pra fugir dessa aula.

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— Parece que não somos os únicos com azar no horário de aula — comentei.

Pouco depois, Tae saiu. Logo começamos o caminho um tanto apressado para o auditório Ares, enquanto eu explicava a Tae o que era aquele evento e que minha mãe estava me obrigando. 



MAYA

9h49

segunda


Eu, Jae e Duda chegamos ao auditório Ares. Eu ainda não tinha entendido por que Jae estava nos arrastando para o evento de abertura, mas imaginei que ele queria nos convencer de como o curso dele era legal ou algo do tipo. Ele nos mandou mensagem repentinamente nos intimando a encontrá-lo no pátio próximo ao setor, e explicou mais ou menos sobre a abertura. Depois que nos encontramos, fomos direto para o auditório.

Entramos pela porta principal, que dava acesso ao fundo do auditório. Havia alguns alunos reunidos próximos a última fileira. Entre eles, encontrei um aluno que me fez sorrir.

— Você aqui? — perguntou ele, um pouco animado.

— Fui convocada pelo seu veterano — expliquei, lançando um olhar acusador para Jae.

— Vem sentar com a gente, Fel, vai sobrar um lugar na fileira — sugeriu Jae.

— Olha, eu não vou recusar — disse Felipe, se juntando a nós.

Jae nos guiou pela lateral direita do auditório até a segunda fileira, que estava toda com sinais de reservado. A primeira fileira também estava, mas era para os professores. Sentamos nas primeiras cadeiras que encontramos, na ordem: Felipe, eu, Jae e Duda.


SUNNY

9h57

segunda


Chegamos bem em cima da hora. Os alunos que ainda estavam dispersos estavam começando a encontrar seus lugares. Fui andando pela lateral até avistar alguns lugares em uma fileira no meio. Entrei nela, mas nem chegamos a sentar. Lá do palco, o supervisor Kim acenou para mim e apontou a fileira da frente.

Dei mais um suspiro, e falei aos meninos para sentarmos na frente. Eles saíram da fileira e seguimos para a segunda fileira. Não fiquei muito contente de ver Jae bem ali. Tive que pedir licença e passar pelos quatro para chegar nas cadeiras seguintes. Como a boa amiga que sou, deixei Guilherme sentar ao lado da namorada.

Menos de um minuto depois, Baekhye chegou pelo outro lado com o casal 20 da Raposas: Valentina e Enrique. Eles ocuparam os últimos três lugares da fileira.

Pontualmente às 10h, o supervisor Kim deu início à solenidade de abertura, estando atrás de um púlpito na estrema esquerda, próximo à beira do palco. Além disso, havia três púlpitos do lado direito mais ao fundo.

— Bom dia, queridos alunos e professores! Declaro iniciado o evento de abertura da 42ª Semana Acadêmica do curso de Artes de Combate da Universidade Drim Campus Soul. Eu sou o supervisor Chung Ho Kim e serei seu mestre de cerimônias hoje. Para dar início, vamos convidar ao palco três autoridades do campus para uma breve palavra sobre o evento. Recebam com aplausos o coordenador geral do curso de Artes de Combate, treinador Alfa.

O treinador Alfa saiu das cortinas que ficavam na direita do palco, sendo muito aplaudido pelo auditório. Alguns alunos fizeram gritos e assovios. Realmente, o treinador Alfa era muito admirado dentro do curso. Além da habitual roupa preta de treinamento, ele estava usando uma jaqueta para deixar o visual mais formal.

Aproveitando, deixa eu contar: o treinador Alfa é um grande amigo da minha família, e também uma das autoridades mais famosas e respeitadas do campus.

Ele tomou lugar em um dos púlpitos. O supervisor continuou.

— Vamos receber agora a nossa excelentíssima diretora geral do campus Soul, Hyeri Choi!

Mais aplausos, enquanto a minha mãe entrava. Estava usando seu habitual terno azul-quase-preto, com calça pantalona, gravata listrada agarrada no pescoço, colete e um blazer acinturado. Ela também gostava de exibir alguns broches da instituição. O cabelo liso, castanho e na altura dos ombros já tinha leves sinais do grisalho que vinha por aí, e estava impecável como sempre. Ela tomou lugar no segundo púlpito.

— Finalizando nossa bancada, temos a honra de receber o excelentíssimo reitor Drim University, Hector Von Held!

O reitor também foi muito aplaudido. Ele nem sempre era visto, por ter muitas atribuições, inclusive visitando outros campi. Também estava usando um terno, e o cabelo castanho e cacheado estava bem penteado.

Ainda durante os aplausos, Guilherme se inclinou um pouco na minha direção, e cochichou.

— Saudade do antigo reitor. Eram um trio de ouro.

Assenti, sem querer me aprofundar no assunto. Ele estava falando do meu pai, Hyungsik Hae. que era reitor no semestre passado, antes de morrer em um acidente. Eu sabia bem que havia sido um atentado.

Depois das apresentações, Chung Ho cedeu a cada um a palavra para um pequeno discurso. Eu já tinha ouvido aquilo várias vezes, era só encheção de linguiça. Um monte de palavras bonitas sobre educação e tal.

Foi quase meia hora de pura falação e chatice. Depois, minha mãe e Hector saíram. o Treinador Alfa apresentou um slideshow com a programação da Semana. Haveria palestras, oficinas, minicursos e intervenções artísticas. Ele também destacou alguns grandes nomes da área que estariam palestrando. Esperei ver o pai de Maya, mas ele não foi citado.

Depois disso, o supervisor tomou a palavra.

— Como de costume, vamos encerrar a solenidade com uma intervenção artística. E, dessa vez, ela é muito mais que especial. Vamos receber no palco, nosso ex-reitor, Hyungsik Hae!

No início, eu buguei completamente. Achei que era algum erro, ou uma trollagem, ou que iriam colocar um vídeo antigo dele. Ainda assim, eu fiquei confusa, esperando o que iria acontecer.

Então, eu congelei, e mal pude respirar, quando ele entrou no palco. Meu pai, Hyungsik, com uma aparência tão jovial que parecia ter a minha idade, estava usando um sobretudo em tom fechado de roxo, uma echarpe com notas musicais e uma cartola de veludo. O auditório explodiu com os aplausos do público.

Como se aquilo fosse muito normal, meu pai começou a apresentar um número musical. Quando eu pisquei, o palco estava cheio de dançarinos com roupas brilhantes, executando uma coreografia complexa e até mesmo fazendo coro para ele.

A apresentação era incrivelmente animada e empolgante, mas eu não consegui sair do meu estado petrificado. Senti olhares preocupados de Guilherme e Tae, e não consegui sequer olhar para eles.

Quando a apresentação acabou, meu pai sumiu rapidamente, assim como todos os dançarinos. Os alunos ainda estavam eufóricos.

Chung Ho voltou ao palco com a empolgação de um apresentador de televisão. Ele estava meio acelerado, mas conseguiu finalizar o evento. Eu mal entendi o que ele falou, mas captei algo sobre o meu pai voltar a trabalhar no campus. Depois, deu mais alguns recados sobre a Semana e encerrou.

Com isso, os alunos e professores começaram a deixar o auditório em debandada. Minha mãe, Hector e Alfa saíram das cortinas e desceram do palco. Nesse momento, eu me levantei como um robô, pulei a cadeira vazia à minha frente e fui interceptar minha mãe. Me coloquei na frente dela.

— O que foi isso?

Ela estava esperando por isso. Baekhye chegou ao meu lado, também pronto para ouvir explicações. Minha mãe deu um suspiro cansado.

— Crianças, eu não entendi direito o que aconteceu. Ele chegou hoje cedo, com essa… cara e exigindo coisas… Pediu pra fazer a grande aparição dele desse jeito, como se fosse um circo, e pediu um cargo. Coloquei ele de volta na coordenação do curso que ele fundou.

— Ele vai coordenar o curso de música? — perguntei, chocada.

— É — disse minha mãe, parecendo um pouco chateada.

— Mas como ele pode estar vivo? — questionou Baekhye, abismado.

Minha mãe o encarou, e depois olhou para mim.

— Eu não entendi, e nem quero entender. Ele está lá no camarim esperando vocês.

Ela saiu de perto de nós e continuou o caminho para sair do auditório.

Eu e Baekhye nos entreolhamos e subimos no palco. Passamos pela cortina e corremos até o único camarim daquele auditório. Abri a porta de repente.

Ele não se assustou, mas lá estava ele. Sentado em uma cadeira de frente para o espelho, onde examinava as minúcias da pele do rosto. Eu entrei na sala em passos lentos, seguida por Baekhye.

— Você é de verdade? — perguntei.

— Já sei — disse Baekhye. — Você é o irmão mais novo do papai que nunca conhecemos.

Ele soltou uma gargalhada muito verdadeira, como se fosse a melhor piada do mundo, enquanto virava a cadeira giratória para nos encarar.

— Para de bobeira, menino. Eu troquei suas fraldas.

— E por que você parece ter idade para estar no mesmo semestre que eu? — perguntou ele.

— Você morreu — eu disse, um pouco exaltada. — Nós fomos ao seu enterro, nós vimos o seu corpo! Pálido e cheio de rugas.

O sorriso do meu pai foi sumindo com os questionamentos. Quando acabamos, ele estava sério, um pouco triste.

— Eu sei que vocês viram. Eu sei que é chocante, que é impossível… mas tem uma explicação.

Cruzei os braços.

— Estamos esperando.

Meu pai assentiu.

— Basicamente, eu fui salvo pelas deidades. Eu morri, de fato, mas os deuses tiveram misericórdia e me transformaram em um deus menor. Agora, eu sou o deus menor da música. Parabéns, Baekie, você é um semideus. Parabéns, Sunny, você é uma semideusa.

Mesmo com a incrível notícia, eu e Baekie continuamos encarando-o com apatia. Nada me interessava o cargo de semideusa. De fato, meu pai resumiu muito bem o que tinha acontecido. Eu ainda tinha muitas perguntas.

— O que aconteceu quando você morreu? — perguntei, em voz baixa. — Aliás, foi um atentado, não é? Não foi um acidente.

Ele deu um sorriso fraco.

— Não, não foi um acidente. Eu estava com o Alfa, e ele tentou me salvar, mas não deu. Em vez disso, eu o salvei. Ou seja, eu fui tipo um herói. Foi por isso que os deuses se apiedaram. Eles também falaram sobre meu talento natural para música, e sobre as coisas que eu não consegui realizar. Coisas às quais eu estava destinado, e fui podado antes do tempo. Isso aconteceu logo depois que eu morri, e… até ontem, eu estava passando por um processo de “endivinamento”, sei lá, e eu não posso falar muito sobre. É algo além da compreensão.

— E essa cara lisa? — perguntou Baekhye.

— Essa é a parte fácil. Como deidade, eu posso ter a aparência que eu quiser. Literalmente, qualquer uma. Decidi me manter como eu mesmo, mas como uns bons anos a menos. Eu me sinto assim, jovem, com a idade que eu tinha quando comecei a sonhar.

— Certo — eu disse. — E ter um pai com a mesma idade que você não é nem um pouco perturbador.

— Eu não tenho a mesma idade que você, Sunny — insistiu ele. — Só aparento ter. 

Ficamos em silêncio por algum tempo.

— Mais alguma dúvida? — perguntou ele.

— Como vai ser agora? — perguntei.

Ele deu de ombros.

— A vida de vocês não vai ter grandes mudanças. Eu só vou estar mais presente, e vou estar à frente do curso de Música. Estou com grandes planos para isso.

— Eu imagino — disse Baekie. — Aliás, aqueles dançarinos…?

— Foram todos invocados — confirmou.

Olhei para Baekie.

— É sério que é essa a sua preocupação?

— Eu só perguntei — disse ele, se irritando facilmente comigo.

— Sem brigar, crianças — disse meu pai. — Se não houver mais perguntas…

— Claro — eu disse. — Vamos deixar você à vontade para seguir com seus planos divinos.

Eu me virei para a porta da sala. Atravessei Baekie e ele correu para perto do meu pai e o abraçou. Já estava com a mão na maçaneta, mas me virei para ver. Foi um abraço profundo, e longo. Baekie estava com uma expressão muito afetada.

— Eu senti muita saudade.

Aquilo mexeu comigo de várias maneiras. Primeiro, era verdade. Eu tinha ficado tão assustada, impressionada e confusa que mal me deixei sentir o quão maravilhoso era aquilo. Meu pai estava de volta. Aquele por quem eu tanto sofri, de quem eu tanto senti falta. Segundo, Baekie, com quem eu tinha travado uma rixa épica por causa de atlética, de repente me lembrava que ele era meu irmão, e que ele tinha sentimentos.

— Agora estou aqui, filho — disse meu pai. — E não vou a lugar algum.

Baekhye sorriu e se afastou. Meu pai olhou para mim.

Sem a mesma pressa ou esperança, apenas como se eu tivesse sido programada para fazer isso, caminhei até meu pai com passos arrastados e o abracei. Não é que eu não estivesse com saudade, mas ainda sentia dificuldade de assimilar que aquele jovenzinho irreverente era meu pai.

Quando o abracei, no entanto, eu senti o peso de tudo aquilo. Senti que aquele era o abraço do meu pai, e o segurei mais forte.

Depois de alguns segundos, ele mesmo se afastou. Baekhye segurou minha mão e me puxou gentilmente para a porta.

— Boa sorte com tudo — eu disse, e saímos.

Passamos pela coxia e voltamos ao palco. No auditório, agora, só havia o supervisor Kim conversando com outro servidor. E, também, havia Taesung. Virei um pouco o rosto, surpresa por encontrá-lo ali, mas era uma surpresa boa.

Baekhye desceu do palco e saiu do auditório sem falar mais nada. Dirigiu um olhar a Taesung ao passar por ele, um que eu não soube decifrar, mas Taesung não deu atenção. Mantinha os olhos em mim.

— Tudo bem com você? — perguntou ele, enquanto eu descia do palco,

— Tudo — eu disse, me colocando ao lado dele para caminharmos. — Quer dizer, eu acho que sim. Meu pai voltou dos mortos. Não acontece todo dia.

— É… Nem imagino como está sua cabeça agora. Guilherme também ficou preocupado, e queria te esperar, mas Duda chamou ele para alguma coisa.

— Ah, esses dois estão um grude só — comentei, rindo um pouco. 

Nesse momento, saímos do auditório e demos de cara com Youngjae. Ele estava encostado de lado na parede, mas voltou à postura quando nos viu.

— Jae? — perguntei, tentando fazer aquilo soar natural. — Tá… esperando alguém?

— Eu tava — confessou ele. — Achei que iria precisar de apoio depois desse baque, mas… Acho que você não precisa de mim.

Ele não estava bravo, nem triste. Ao menos, sua voz não aparentava, mas eu senti um fundo de decepção.

Milhões de respostas passaram pela minha cabeça, como mencionar que foi ele quem me convenceu de que eu era independente, mas achei melhor não iniciar uma briga. Eu não estava com cabeça para aquele drama.

Eu não podia escolher. Não tinha condição para isso.

Jae tinha saído de forma catastrófica, mas ainda era a figura que eu imaginava me dando apoio em um momento como aqueles. Taesung, por outro lado, era uma figura nova, de quem eu vinha me aproximando com o passar do tempo por ele se destacar tanto, e por ter substituído Jae como meu partner stunt.

— Acho que eu preciso ficar sozinha — foi o que eu disse, com muita calma e gentileza, e saí andando, deixando os dois para trás.


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