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EP. 18 VERDADE

SUNNY

18h21

terça 


Era véspera do tal Baile Mistério.

Duda e Maya já tinham mandado fotos das roupinhas roxas que receberam no dormitório, mas eu ainda não tinha recebido nada; até porque passei a tarde fora, resolvendo coisas da atlética. Agora, estava me preparando para o treino da noite. 

Coloquei minha roupa de treino no vestiário e fui para o ginásio. Geralmente,  nosso treino era na sala de cheer, mas estávamos para uma apresentação nas arquibancadas, então vínhamos usando o ginásio. 

Quando eu cheguei, a maioria estava lá. Fizemos o aquecimento e eu fiquei no pé da arquibancada para comandar o treino. 

Ele mal tinha começado quando algo inesperado aconteceu.

— Sunny, acho que alguém quer falar com você — disse Nana.

Olhei para onde ela estava olhando, e identifiquei. Meu pai estava na entrada do ginásio, observando. Ele nunca fazia isso. 

Sufoquei um suspiro. 

— Já volto. Vou ver o que ele quer. Continuem passando a coreografia. 

Fui caminhando em direção ao reitor, que ainda estava usando sua inseparável echarpe com desenhos de fantasmas.

— Oi, pai — eu disse. — Algum problema?

— Nenhum problema; ao menos, não para mim. Eu vim te contar uma coisa. Sobre o evento de amanhã. 

Franzi o cenho. 

— O que tem o Baile Mistério?

— Bom, a festa tem esse nome porque tem um objetivo específico e secreto que será revelado amanhã, mas eu achei melhor te contar antes. 

Cruzei os braços, curiosa.

— Pode contar.

— Na verdade, o Baile Mistério é uma festa de noivado. Do seu noivado com o Jae.

Eu senti que o chão estava se abrindo sob meus pés. Eu sabia que meus pais eram poderosos e controladores, mas não imaginei que me casariam sem consentimento, mesmo sendo um costume de Dominus.

— O quê? — foi o que eu consegui balbuciar. — Você não pode estar falando sério. 

— Eu estou falando muito sério. Isso não é assunto para brincadeira. 

Balancei a cabeça negativamente, desesperada.

— Não. Eu não vou fazer isso. Eu tô com outra pessoa agora, pai. O Jae não faz parte da minha vida mais. 

Ele ergueu as sobrancelhas. 

— É mesmo? Da última vez que eu chequei, você não tinha oficializado nada. 

— Você tá me espionando? — perguntei, bem brava. 

— Eu já te disse: eu sei de tudo. E já te aviso que não adianta gritar e espernear. Essa decisão foi tomada há muitos anos e não será revogada.

— Há muitos anos? E por que me contar agora.

— Porque só agora importa, Sunny. E eu já disse que não adianta me questionar. Não vai mudar nada. 

Meus olhos estavam ardendo. Eu não acreditava que aquilo estava acontecendo comigo. 

— Tá, então só uma pergunta: o Jae já sabia disso?

— Ele soube quando se formaram no Ensino Médio. Conforme deve se lembrar, vocês já estavam namorando. Ele ficou muito feliz, na época, e aposto que você também ficaria… se ainda estivesse namorando com ele, como eu planejei.

— Como você planejou — eu repeti. — Então eu só conheci Youngjae e namorei com ele porque você quis. Você manipulou toda a minha vida amorosa, e, agora que eu tomei as rédeas, você vai fazer com que tudo fique do seu jeito, de novo. 

Meu pai cruzou os braços, embora não parecesse muito ameaçador com aquele rostinho juvenil.

— Eu não sinto que lhe devo explicações, mas minha intenção é sempre a melhor. Eu manipulei sua vida amorosa, sim, na esperança de que você não fosse infeliz com um casamento arranjado… como eu fui. 

Franzi o cenho. 

— Minha mãe sempre disse que o casamento de vocês não foi arranjado. 

— É porque eu mesmo arranjei. Nunca fui apaixonado por sua mãe, mas sabia que ela era o tipo de pretendente que não decepcionaria meus pais e me ajudaria a chegar onde eu precisava. Depois disso, eu precisava proteger você a todo custo, e Jae é a pessoa certa para esse papel. 

Revirei os olhos, ainda muito irritada. 

— Ele nem de Dominus é.

— Sunny, eu sou uma das pessoas mais poderosas de Jesver. Eu não preciso de mais poder, eu preciso proteger você. 

— Não vejo como ser noiva do Jae pode me proteger.

Meu pai fechou bastante a expressão.

— Sunghee, pare de ser dramática. Não aja como se fosse o fim do mundo. 

— É o fim do meu mundo. E você está falando igual à mamãe.

Meu pai deu uma risadinha irônica.

— Ok. Eu estou falando igual à sua mãe porque você está agindo como uma criança de sete anos, ou menos. Por que seria o fim do seu mundo? Porque você não vai mais poder ficar com um garoto bonitinho que acabou de conhecer? Ah, por favor, Sunny. Parte de fingir que você não está apaixonada pelo Jae, como sempre foi. E não me culpe por isso. Eu posso ter criado o cenário perfeito, mas não sou capaz de criar sentimentos. O amor de vocês é real, não fabricado.

— O que você sabe sobre realidade? E o que você sabe sobre amor?

A expressão do meu pai se suavizou um pouco, assim como sua voz. 

— Mais do que você possa imaginar. E eu sei muito bem que o que você tem com o Taesung não passa nem perto do que os humanos chamam de amor. 

Ele deu um longo suspiro. 

— Eu recomendo que você enxugue essas lágrimas e conte logo a ele. 

— Agora? — perguntei incrédula. 

— Agora. Ou o quanto antes, considerando que seu noivado se tornará público amanhã. Seu vestido já está no seu dormitório. 

Meu pai não disse mais nada antes de se virar para ir embora. 

Eu esperei ter certeza de que ele tinha partido, então me enchi de raiva; peguei o primeiro objeto que encontrei, rir era um cone de isolamento, e o joguei no chão com força enquanto gritava e me virava. Sem dar atenção ao estrago feito, me deparei com todo o time me observando de longe, e Taesung um pouco mais perto. 

Eu fui aconselhada a enxugar minhas lágrimas, mas meu time era minha família. Não precisava me esconder, e não conseguiria. Meu rosto deveria estar todo molhado, vermelho e inchado. 

Fui andando até eles. 

— O que aconteceu? — perguntou Taesung, me oferecendo seu abraço, mas eu achei melhor não aceitar. 

— Então, gente — eu disse, tentando não chorar de novo. — Amanhã é o Baile Mistério. Quem aqui recebeu convite?

Todos levantaram a mão, inclusive Taesung. Eu assenti.  De repente, parecia óbvio o motivo pelo qual todas as pessoas que eu conhecia haviam sido convidadas. 

— Que bom — eu disse. — Todos vocês estão convidados para o meu noivado. 

Todo mundo ficou em silêncio, e em choque. Eu não consegui encarar Taesung.

— A gente… aplaude? — perguntou Yumi.

— Quem é o seu noivo? — perguntou Taesung, em voz baixa.

Eu suspirei.

— É o Jae.

Todo o grupo emitiu sons de surpresa.

— Seu pai planejou isso pra você? — perguntou Michung. — Há quanto tempo?

— Há muito tempo. Tipo, antes de eu entrar na Drim — comecei a chorar silenciosamente. — Eu não sei o que fazer agora.

Taesung chegou perto de mim e segurou meu rosto. Encarei sua expressão cheia de raiva e determinação enquanto enxugava minhas lágrimas com cuidado.

— Não se preocupe, amor. Eu vou dar um jeito nisso. Você é minha.

Então, ele segurou meu pescoço e me beijou, tão intensamente que parecia que iria sugar minha alma. Não foi um beijo muito confortável, mas eu duvidava que fosse a intenção dele. 

Ele estava tão indignado quanto eu, ou mais.

Ele me soltou e deu uma piscadinha. Depois, saiu marchando para fora do ginásio. 

Taesung iria lutar por mim. Eu tentei achar isso fofo, mas só senti aflição.

Aquela foi a última vez que eu vi aquele garoto.



SUNNY

18h57

terça 


Obviamente, dei o treino como encerrado. Não havia mais condições.

Pensei em buscar algum apoio com as meninas, mas achei melhor não incomodar ninguém. Decidi, então, ir para o meu quarto. Chegando lá, mandei mensagem em nosso grupo.


Sunny: Meu pai acabou de me contar que o Baile Mistério é o meu baile de noivado. Ele vai me obrigar a casar com Youngjae.


Tirei a pulseira e fui tomar um banho quente e demorado. Eu mal tinha saído dele quando ouvi batidas na porta. Logo supus que fossem as meninas.

— Peraí — eu disse, e coloquei meu roupão e uma toalha na cabeça.

Abri a porta e me surpreendi. Era Guilherme.

— Oi — disse ele, parecendo um pouco triste. — Te atrapalhei?

Balancei a cabeça negativamente. Ele poderia estar se referindo ao banho, mas Guilherme era próximo demais de mim para eu me importar com isso. Dei espaço para ele entrar.

— As notícias correm? — perguntei, enquanto ele passava por mim.

— É — confirmou ele, antes de se sentar na minha cama. — Eu fiquei sabendo e vim retribuir o favor.

— Eu nem te dei um apoio tão grande assim — comentei, pegando algumas roupas.

— Você foi muito importante, Sunny. E, bom… eu sei como você se sente.

Entrei no banheiro e coloquei a roupa, enquanto conversava com ele.

— Eu não esperava isso dos meus pais — confessei. — Você ao menos teve a chance de escolher a sua noiva, e foi avisado com um pouco mais de antecedência. Eu fui amarrada quando estava ainda no Ensino Médio, tem noção disso? E outra, o Jae já sabia. Ele sabe há um bom tempo, e não me deu nenhuma pista.

— Bom, vocês estavam namorando, deveria ser óbvio que se casariam um dia. Ao menos, antes de você terminar com ele. E, também, ele não podia contar.

— Como você sabe?

Guilherme ficou mudo. Ele poderia dizer que era apenas uma suposição, tendo em vista a vasta gama de segredos entre os dominenses… mas ele ficou mudo. Tinha terminado de me vestir, então coloquei a cabeça pra fora.

— Guilherme? — chamei, em tom acusativo, enquanto ele ficava com cara de culpado. — O que eu não tô sabendo?

— É que… eu já sabia.

Saí do banheiro, indignada, encarando-o. 

— Como assim, você já sabia?

— O Jae me contou. Ele precisava que mais alguém soubesse, para carregar esse fardo junto com ele. É um grande segredo que compartilhamos. Ao menos, isso vai acabar agora.

Cruzei meus braços, mesmo sem conseguir ficar realmente brava com ele.

— Ei, não me olha assim — protestou ele. — Sabe como essas coisas funcionam. E eu sei que você também tem segredos que não pode me contar.

— Tá bom, eu vou passar pano pra você, só porque preciso continuar desabafando com alguém.

Ele riu.

— Para de bobeira, vamos pensar pelo lado positivo: amanhã você vai ter uma grande festa. Vamos comemorar!

— Uhu, casamento arranjado! — comemorei, ironicamente, voltando a pentear o cabelo.

Alguém bateu na porta.

— Será que agora são as meninas? — perguntei, indo para a porta.

— Eu espero que não — sussurrou Guilherme. Demorei um pouco para entender que ele estava evitando a Duda.

Abri a porta e me deparei com minha mãe segurando um embrulho grande.

— Oi, filha! — disse ela, bem animada. — Vim trazer o seu vestido para a grande noite!

Deixei meus ombros caíram.

— Vai mesmo ficar agindo como se fosse uma ocasião super especial? — esbravejei, antes de voltar para dentro do quarto.

— Ah, que isso, Sunny — disse ela, entrando no quarto. — Pare de ser tão dramática… Ah, oi, Guilherme!

— Oi, tia.

— Eu não estou sendo dramática — eu disse, penteando o cabelo. — Isso não é normal. Fazer jovens como eu e Gui noivarem sem consentimento não é normal.

— Vocês sabem como as coisas funcionam — disse ela, sem dar muito valor aos meus questionamentos. — E você ainda tem sorte, por poder casar com alguém que ama.

— Sorte por casar com meu ex-namorado, você quer dizer — corrigi. — Eu e o Jae brigamos, nos separamos, não estamos mais juntos. E, agora, vocês vêm com essa!

— Isso já estava planejado há muito tempo — disse minha mãe, arrumando o vestido recém-colocado na arara. — Vocês foram feitos um para o outro. Não temos culpa se você resolveu mudar os planos às vésperas do noivado. — ela olhou para mim. — E você sabe que discutir não vai mudar nada. Está só gastando energia à toa.

— Nisso ela tem razão — comentou Guilherme.

— De que lado você tá? — perguntei.

— Do seu, é claro — disse ele. — Como alguém que já passou por isso, eu recomendo que você poupe energia e tente ver essa coisa toda com bons olhos.

— É o que me resta — reclamei.

— Vem, Guilherme — disse minha mãe. — Vamos deixar a noiva descansar para o grande dia!

Tentei ignorar o quanto aquela frase estava errada, e apenas assisti Guilherme saindo do meu quarto por pressão, e minha mãe fechando a porta.

Me deixando sozinha de novo.



HYUNGSIK

19h07

terça


 Fui caminhando pela área aberta do campus, sendo seguido de perto.

O jovem ruivo estava na minha cola, implorando por atenção, mas eu me recusei a ofertá-la. Ao menos, enquanto estivesse em público. Ali na área aberta, com tantas pessoas olhando, não era o melhor lugar para ter aquela conversa. Então, decidi que, se ele fosse persistente o suficiente, teria sua chance de me convencer, embora eu tivesse certeza de que ela seria inútil.

Passei para dentro do bloco escuro onde ficava meu quarto. As luzes automáticas se acenderam, e eu continuei pelo corredor, até ouvir os passos apressados e a respiração pesada.

— Senhor Hae, se puder me ouvir só por um instante…

Revirei os olhos e me virei para ele.

— O que você quer, Taesung? — eu perguntei, antes de me chocar com o esforço dramático dele.

Taesung estava com lágrimas nos olhos, parecendo exausto pela correria de me perseguir.

— O senhor está cometendo uma grande injustiça — disse ele, com a voz arranhada. — A Sunny merece ser feliz ao lado de quem a ama, de quem ela ame também. O senhor está tirando o direito de escolha da sua própria filha, não percebe o quanto isso é cruel?

Ergui as sobrancelhas, mas continuei ouvindo aquele teatrinho.

— Por favor, senhor Hae, tem que haver outra forma… O senhor precisa reconsiderar.

— Eu não preciso reconsiderar nada, garoto. Eu sei muito bem o que eu estou fazendo. E não venha tentar me conquistar com esse papinho melancólico juvenil. A mim você não engana. Eu sei que você está com a Sunny só por interesse.

Taesung arregalou os olhos.

— Senhor Hae, como pode supor isso? Eu amo sua filha, mais que tudo no mundo… Eu faria qualquer coisa por ela…

Enquanto ele dizia essas coisas, eu senti um leve formigamento atrás dos olhos. Um sinal de que ele estava usando seu poder em mim.

— Você está mesmo tentando me hipnotizar, filhote? — perguntei, afiado. — Por acaso sabe quem eu sou? Acha que tem capacidade para mudar a opinião de um deus?

Taesung suspirou, confuso.

— Ah, céus. Eu não sei controlar meu poder direito — ele fechou os olhos, parecendo triste pela própria tentativa. — Sinto muito, senhor Hae, eu não queria…

— Você queria sim — eu o interrompi, duramente. — Pare de fingir que é o bonzão da história, Taesung. Eu já disse que a mim você não engana! Acha que eu não sei que hipnotizou a Sunghee para que ela se apaixonasse por você? Acha que eu não sei que você fez ela e Youngjae se separarem, para poder tomar o lugar dele? E por algum motivo você achou que isso adiantaria de alguma coisa, mas não. Eu estou no controle. Eu também sei que você hipnotizou os jurados da Festa de Junho e do campeonato intencionalmente. Você diz que não controla seus poderes, mas você faz isso bem demais, se aproveita disso. Você manipula tudo e todos ao seu redor, e achou que nunca seria desmascarado. Você tentou, tentou muito ser o vilão dessa história, mas você não contava comigo. Eu sou o deus da morte, e o reitor da Drim University. Aqui, você não vai se criar. Pode ter achado que estava indo bem, mas toda sua manipulação foi uma grande perda de tempo.

Conforme eu fui falando tudo o que tanto desejava falar com ele, Taesung foi perdendo a cor. Ele estava desnorteado, e eu quase conseguia ver o mundo dele desmoronando no reflexo dos seus olhos. Dei a ele um tempo, mas ele não tinha o que responder.

— Eu quero que você fique longe da minha filha — ameacei, levantando o dedo para ele. — Ouviu bem? Fique longe dela, do Jae e de todas as pessoas que são importantes para eles. Jamais tente usar seu poder para o mal de novo dentro deste campus. Porque, se você tentar, Taesung, se tentar só um pouquinho, se dar bem ou causar algum problema com essa sua hipnose, eu vou descobrir, e quando eu descobrir, eu vou acabar com você. Entendeu bem? Eu vou acabar com você. 

Taesung engoliu em seco. Agora sim, as lágrimas dele eram verdadeiras, por mais silenciosas que fossem. Ele estava tentando disfarçar seu temor, e seu ódio por ter sido desmascarado.

— Sim senhor — disse ele, com o tom grave.

— Se eu fosse você, — continuei — eu ficaria bem pianinho. Se você quer mesmo terminar este curso, então fique bem na sua, seja praticamente invisível. Não quero ouvir sequer uma reclamação sobre você. Mas, se você veio até aqui e começou essa faculdade só para se dar bem com seus poderes, então pode fazer suas malas e ir embora desta cidade. E trate de nunca mais voltar, nunca se colocar de novo no meu caminho, porque você sabe que eu vou te achar, e, se for necessário, eu vou te destruir. Ouviu bem?

Ele sufocou um soluço. Enxugou de qualquer jeito o choro derramado com as costas das mãos.

— Eu ouvi. Eu entendi tudo, senhor Hae.

— Ótimo. Então pode ir embora, e fique na linha. Nada de bagunçar minha festa amanhã.

— Jamais faria isso. Eu vou ficar na linha a partir de agora. Eu prometo.

Tive vontade de dizê-lo para tomar cuidado com as promessas, mas achei que seria advertência demais. Ele já tinha entendido com quem estava lidando.

Ele se virou e começou o caminho para fora do bloco, sem muito entusiasmo.

— Só uma pergunta… — disse ele, com um tom triste, mas levemente irônico. — Eu devo deixar Felipe Rider em paz e continuar neste corpo… Ou eu devo voltar para atormentá-lo e devolver o corpo para Kim Taesung?

Naquele momento, eu senti que estava caindo de um precipício.

Ele tinha conseguido. Ele tinha virado o jogo.

Taesung, ou quem quer que fosse, se virou para mim, exibindo aquele sorriso demoníaco.

— Eu vou deixar você decidir — ele continuou recitando. — Já que quer ditar meu comportamento a partir de agora, pode escolher o menos pior destino para seus alunos. Mas, como pode ser uma escolha difícil, te dou até amanhã para me comunicar. Que cara é essa, Hyungsik? Você não sabia?

Uma rajada de luz passou pelos olhos dele, e eles ficaram vermelhos.

— Oh, que coisa mais extraordinária — debochou ele, com a voz grave e lenta. — O grande deus da morte, o reitor da Drim, tão poderoso para perceber meus planos, mas não conseguiu ver o principal? Pode pensar que está no controle, Hishy. Eu vou te mostrar que não está, e nunca estará. Eu, Lorde Vermelho, sou o verdadeiro designador de Destinos.

A rajada passou de novo, e ele voltou a ser o mesmo Taesung de sempre.

— Até amanhã, meu futuro sogro.

Ele se virou, com as mãos para trás, e foi andando tranquilamente como se estivesse no parque ao domingo.

Eu não podia deixar terminar assim.

Eu ainda estava assimilando o que tudo aquilo significava. Taesung não era Taesung. Ele era alguém que tinha dado apenas uma pequena amostra do que desejava, e do que era capaz.

Eu havia ouvido prenúncios do Lorde Vermelho e do que ele poderia fazer. Eu não podia permitir. Ele não poderia chegar perto de seus objetivos.

Portanto, tomei a única atitude que ainda me cabia. Sem dar brecha para reação, sem dar mais janelas de tempo para nenhuma reviravolta, ergui minha mão direita na direção dele e disparei uma rajada de poder. Em uma minúscula fração de segundo, ceifei aquela vida, e o corpo de Taesung caiu no chão.


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