EP. 16 COMPROMISSO
- Jéssica Sanz
- 8 de jan.
- 13 min de leitura
GUILHERME
12h31
terça
As notícias se espalharam mais rápido do que eu gostaria
Em um dia, o campus todo estava sabendo de versões diferentes da história. A maioria delas era pior do que a realidade.
Àquela altura, eu já estava bem pensativo sobre a coisa toda. Sentia que tinha sido muito duro com Eduarda, que ela merecia minha confiança, ou, ao menos, um término mais respeitoso, com um diálogo de verdade, e que não fosse no meio do corredor.
Bom, já era tarde demais.
Eu também havia sido duro com Felipe. Ele estava coberto de razão. Felipe Rider era o cara mais inseguro que eu conhecia, ele não seria um talarico. E, com certeza, Duda, sabia que eu estava indo para a piscina, ela não me trairia de forma tão arriscada. Poxa, Felipe e Vermelho viviam aquele drama todo desde a infância. Era praticamente uma maldição, incontrolável, e eu não deveria julgar qualquer consequência dela.
Ainda com todos esses pensamentos, algo me dizia que não era tão simples assim. Uma traição era uma traição. Então, eu vinha tentando confiar nesses meus instintos; fora que aquela cena não saía da minha cabeça.
Eu vinha pensando em, ao menos, me retratar com os dois, pedir desculpas por ter sido tão duro. Ainda estava decidindo isso quando recebi uma mensagem inesperada na saída da aula.
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Pai
Venha almoçar comigo no restaurante da estação. Assunto urgente.
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Fiquei um pouco nervoso pela intimação, mas não podia recusar.
Portanto, em vez de ir para o refeitório, saí do campus e atravessei a rua. Realmente, meu pai estava no restaurante. Eu entrei e fui para a mesa dele.
— Oi, pai — eu disse, enquanto me sentava.
— Oi, filho! — disse ele, bem-humorado. — Já pedi nosso almoço, vai chegar a qualquer momento.
— Que bom — eu disse, antes de levantar os ombros. — Então, o que temos a resolver?
“Por favor, não seja sobre os boatos”, pedi em minha mente.
— É verdade que você terminou com a Eduarda?
Pressionei os lábios. Claro que seria sobre isso.
— Sim, é verdade. Algum problema?
— Muito pelo contrário — disse ele, o que me deixou um pouco chocado. — Ela é até legalzinha, mas… não acho que seja a garota certa pra você.
Franzi o cenho, ficando com um pouco de raiva.
— Acho que deveria ser eu a decidir isso, não?
— E você decidiu! Decidiu certo, ainda bem.
— Posso saber o que tem de errado com a Duda? Ela é uma garota exemplar, muito determinada…
— …mas ela não é dominense.
— Ela é, sim — eu disse.
— Não, ela não é — insistiu meu pai, um pouco mais firme. — Eu descobri há poucos dias. Ela mentiu pra você.
Me inclinei um pouco para trás.
— Você não pode estar falando sério. Qual é a fonte dessa informação?
— Não importa. Eu ainda vou averiguar a veracidade, é claro, mas tudo indica que ela mentiu para entrar na Drim University, já que os dominenses têm mais chances de entrar.
Eu não disse nada. Estava abismado com aquela suposição. Talvez meus instintos estivessem certos, afinal.
— Mas vamos falar do que interessa — disse meu pai. — Você já se livrou desse problema sozinho, o que é ótimo. Ainda assim, agora você está solteiro, e precisamos resolver sobre o seu futuro.
Encarei meu pai.
Eu sabia muito bem o que significava ser nascido em Dominus. Algumas cidades tinham seus fardos. Os miraianos tinham poderes muito semelhantes e um estilo de vida próprio. Os dominenses eram muito ligados a poder, relações comerciais, e só se casavam entre si. Casamentos por interesse não eram incomuns, mas eu não imaginava que meu pai fosse desejar isso para mim.
— É o que eu tô pensando?
— Se você está pensando no seu casamento, sim, é o que você está pensando.
Eu coloquei a mão na testa e fui passando pelo cabelo, tentando me acalmar, enquanto meu pai continuava falando.
— Eu tenho ótimas negociações em andamento. Sei que provavelmente não é do seu agrado ter um casamento comercial, mas você sabe que é o melhor para nossa família.
— É, eu sei — eu disse, um pouco irônico.
— Por isso, eu quero contar com a sua ajuda para escolher a pretendente ideal.
Coloquei as mãos na frente do rosto, ainda tentando acreditar naquela situação.
— Eu sabia que você faria isso — protestei, contendo a raiva. — Não, eu não sabia, porque isso é uma droga de costume…
— Ei!
— …mas eu ainda me preocupei em ter uma namorada dominense, pra quem sabe você deixar eu tomar minha própria decisão.
— Você vai tomar sua decisão, Guilherme Vilela — meu pai soou óbvio. — Não entendi o motivo do chilique.
Cruzei os braços.
— Você sabe qual é minha decisão.
— Você terminou com ela, Guilherme! Não vai voltar atrás agora.
— E se eu quiser?
— Vamos às pretendentes.
— E se eu quiser? — perguntei mais alto.
— Ela não é como nós. Eduarda Machado não é uma opção, e essa discussão está encerrada.
Cerrei os dentes. Estava me segurando para não jogar tudo pro alto.
— Agora, se você tiver entendido a condição principal, vamos às pretendentes. Imagino que você conhece a sua pretendente número um.
Me permiti um suspiro.
— Sunny.
— Minha primeira opção, é claro — meu pai soou óbvio. — Sunghee é perfeita. Mesmo que a família Hae tenha se estabelecido em Soul, são todos dominenses. Os pais dela comandam a Drim University, o que um poder e tanto.
— E ela é minha amiga de infância.
Meu pai hesitou um pouco, como se achasse que aquele ponto não era relevante, mas se forçou a fingir que era.
— Exato, sua amiga de infância. Vocês já se conhecem há muito tempo, já têm um laço… mas, eu entrei em contato com os Hyeri e Hyungsik, e descobri que, infelizmente…
— Ela já é comprometida — eu disse, em voz baixa.
— É. Você sabia?
— Sim, o Jae me contou. Ela ainda não sabe.
— Os pai pediram segredo.
— E eu vou mantê-lo, pelo Jae.
— Certo. Então, segunda opção, Nina Batista. Ela tem uma família ótima e também muito poderosa, quase tanto quanto a da Sunny.
— Só que eu mal conheço ela, pai.
— É, pois é… ela não escolheu a Drim, o que pode parecer algo ruim, mas ela está estudando fora de Jesver. Vai ser uma profissional e tanto.
Eu assenti, sem dar muita confiança.
— Mas, se você quer alguém mais próxima do seu convívio, ainda temos uma terceira opção: Valentina Ferreira.
— Ai, credo, não… Ela é uma Raposa, e é insuportável.
— Você não está baseando a escolha do seu futuro em uma atlética de faculdade, está?
— Não, pai, ela é uma pessoa ruim.
— Tá, aham, sei. Bom, eu só tenho essas três. Duas, no caso.
— É, entre as duas, eu prefiro a Nina, mesmo.
— Tudo bem. Seria bem mais fácil se você fosse bi, temos ótimos meninos no páreo…
— Eu já falei que eu sou hétero, pai — eu disse, em tom de tédio.
— Tá bem, eu sei. Vamos com a Nina, então. Vou marcar o noivado para o mais rápido possível. Até lá, segredo absoluto. Vai ser um almoço ou um jantar, e, logo após, revelamos para a imprensa. De acordo?
Dei de ombros.
— Eu não tenho escolha, tenho?
Meu pai virou um pouco a cabeça, quase como se tivesse pena de mim.
Para a sorte dele, nosso almoço chegou, e ele não precisou responder.
Mais tarde, eu voltei para o campus, ainda atordoado.
Ainda naquele dia, meu pai me mandou mensagem informando que o noivado seria em um jantar na quinta-feira.
GUILHERME
18h45
quinta
Eu tinha passado os últimos dias bastante quieto, tentando convencer a mim mesmo de que tudo ficaria bem. Duda, Felipe e até mesmo Maya continuaram me evitando, e era um tanto recíproco. O clima estava pesado entre nós. Eu só podia contar com PJ, meu colega de quarto. Ele era dominense e entendia parcialmente minha situação. Contei a ele apenas que haveria um casamento arranjado, sem detalhes.
No horário combinado, meus pais me buscou de carro em frente ao campus. Eu estava usando um novo terno bege bem caro. Ficamos em silêncio o caminho todo.
Os pais haviam reservado uma área privada de um restaurante. Tudo estava decorado na cor bege, dos guardanapos à flores. Eu adorei o conceito: branco como casamento, mas encardido.
Nina chegou depois. Estava bem bonita, mas eu não consegui me importar com isso. Ela era ruiva, e o cabelo dela estava solto, bem liso; como em todas as poucas vezes que eu a tinha visto pessoalmente. Os pais dela foram bem simpáticos, assim como ela.
Não preciso dizer que ficou um climão entre nós. Trocamos poucas palavras, mas fomos obrigados a tirar fotos.
Depois do jantar, meus pais me levaram de volta para o campus. Quando cheguei ao quarto, PJ já comentou sobre o assunto.
— Já saiu — disse ele. — Eles são rápidos. Cara, não acredito que você vai casar com a Nina Batista.
— É, nem eu acredito — eu disse, me livrando do blazer e da gravata. — Isso parece um pesadelo.
— Você tá arrependido de ter terminado com a Duda?
Eu hesitei.
— Eu tenho tentado fingir que não, mas… sim. Eu tô bem arrependido. A única coisa que me consola é aquela treta de que ela talvez não seja dominense.
— É, isso é bem esquisito se for verdade. Mas enfim, tenta esquecer isso, mano. É melhor você descansar pra amanhã.
Franzi o cenho, encarando-o, enquanto desabotoava o colete.
— Amanhã? O que tem amanhã?
— Ah, nada demais, é só que… você vai ser assunto, né…
Deixei meus braços caírem com uma expressão cansada.
— Caralho, é mesmo. Acho que eu vou chegar atrasado na aula, pra não ter papinho pré-aula.
— Boa ideia. Não sei se vai adiantar fugir… mas boa ideia. Eu vou na frente e te aviso como está o clima.
GUILHERME
7h45
sexta
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PJ
Alguns cochichos, mas nada fora do normal.
A aula já tá torando, acho que você pode vir, mano.
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Suspirei.
Desci de elevador e fui para o local da aula, tentando não ser visto.
Apesar disso, quando entrei, a sala toda gritou e aplaudiu, puxados por Enrique e Valentina, é claro. Eu devo ter ficado da cor dos olhos do Vermelho. Para minha sorte, a professora abafou o tumulto e pediu atenção à aula. Me sentei bem no canto.
Mentalmente, agradeci por nenhum dos meus colegas de sala fazer parte diretamente da treta. E pensar que meu pai cogitou fazer de Valentina minha noiva.
A manhã foi um pouco tensa, mas passou voando. Logo, era hora do almoço, e eu não estava ansioso para enfrentar o refeitório.
— Relaxa, cara — disse Guilherme, tentando me tranquilizar. — Não é nada ruim. Quer dizer, é ruim, mas as pessoas não precisam saber. Você tá com mó cara de enterro, mas é um casamento! Em teoria, as pessoas só vão te parabenizar, e você vai sorrir e agradecer.
— É. Boa ideia. Vou fingir que tô gostando desse circo.
Antes de entrar no refeitório, identifiquei Eduarda. Como sempre, ela estava andando com Maya, e eu decidi ir falar com ela. No entanto, ela me notou antes que eu chegasse perto o suficiente, e arrastou Maya pra outro lado.
Decidi tomar uma atitude, mesmo que fosse um pouco inesperada, até pra mim.
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Guilherme
Oi. Sei que não falamos muito, mas acho que você é a única pessoa que pode me ajudar. Eu não escolhi o noivado, estou sendo obrigado. Pode tentar falar isso pra ela?
Maya
Oi, Gui. Eu posso tentar, mas duvido que funcione. Ela tá bem magoada desde o término, e o noivado só piorou tudo.
Ela acha que você usou a situação do beijo como desculpa para terminar, mas que fez isso por causa do noivado.
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Franzi o cenho.
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Guilherme
Não é nada disso.
Maya
Eu acredito em você, mas acho melhor dar um tempo pra ela.
Não é um bom momento.
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Alguém segurou meu braço e me arrastou para o caminho do refeitório. Fiquei surpreso ao ver que era Sunny.
— Não pira na maionese, Guile — disse ela, em tom de discrição, continuando a me levar. Eu já tinha perdido PJ de vista.
— Do que você tá falando?
— Não insiste com a Duda. Ainda não é o momento.
Suspirei.
— Eu tô aflito com isso tudo.
— Eu imagino. Por isso estou te convidando para almoçar.
— "Convidando"? Mais para "arrastando", né?
Nós dois rimos.
— Eu achei que seria bom você conversar com alguém que entenda do assunto — explicou ela; deve ter notado minha confusão, pois se explicou em seguida. — Uma dominense.
— Ah, claro — eu disse, e entramos na fila da comida.
— Por sorte, meus pais ainda não me arranjaram — ela disse, e eu me arrepiei. Era terrível não poder contar a ela o que eu sabia. — E estou confiante de que não vão fazer isso. Pelo menos, não tão cedo. Pelo menos não enquanto eu tenho um namorado.
— Como estão as coisas com o Taesung?
— Normais, mas eu quero saber de você. Deve estar sendo difícil passar por isso tudo.
— Com certeza. O término já foi um grande drama, mas isso… não achei que meu pai fosse comprometer o meu futuro dessa forma, de uma hora para a outra. Pelo menos ele me deixou escolher entre as pretendentes.
— Hum, que interessante. Achei que eu seria uma opção.
Eu paralisei por um instante, mas continuei pegando a comida. O que Sunny queria dizer com aquilo.
— Como assim? — foi o que consegui dizer.
— Ah, você sabe. Nós somos grandes amigos, então achei que você iria preferir se casar com alguém que, pelo menos, você conhece.
— Claro — eu disse, antes de balançar a cabeça. Era estranho ver Sunny sugerindo que deveríamos ser um casal. — Bom, na verdade, você foi a primeira opção do meu pai.
Ela me olhou repentinamente.
— E por que não me escolheu?
Novamente, fiquei paralisado, mas, dessa vez, por um motivo diferente. Eu não podia dizer a verdade. Segui Sunny para uma das mesas, enquanto recitava uma desculpa improvisada.
— Ué, você… é minha amiga. Minha melhor amiga, provavelmente. Não consigo te ver como noiva. — Realmente, era estranho pensar nela assim.
— Bom, os melhores casamentos arranjados começam com boas amizades.
Ela se sentou, e eu me sentei de frente para ela. Ela estava me deixando sem opções, mas, por sorte, eu vi o garoto ruivo passando lá fora.
— Pode ser, mas também tem o fato de que você tá namorando o Taesung. Ele provavelmente me trucidaria se eu separasse vocês.
Olhei para o lado e notei que Jae estava a poucas mesas de distância, nos observando. Então, olhei para Sunny.
— E eu não acho que ele seria o único.
Sunny olhou na direção de Jae rapidamente.
— Ele não é nem doido de se meter nisso. Mas tudo bem. Estou um pouco ofendida por não ter sido escolhida, mas, no fundo, agradeço a você por me privar de um casamento arranjado. Bom, não que seria ruim ser sua noiva…
— Mas seria ruim.
Nós dois rimos.
— De todo modo, eu consigo me imaginar no seu lugar — continuou Sunny. — Consigo imaginar isso acontecendo comigo, e angústia que eu sentiria. E acho que a Duda também deveria entender, já que ela é dominense, como nós.
— Aí que tá… — eu olhei para os lados e abaixei o tom. — Talvez ela não seja.
— O quê? — perguntou Sunny, abismada.
— É. Meu pai me disse que isso é possível. Mas ainda não temos certeza.
— Por que ela mentiria sobre isso?
— Para entrar aqui, justamente.
— Nossa… Enfim, espero que seja só mais um boato. De todo modo, a Duda tem um temperamento bem difícil, às vezes. E as coisas entre vocês não estão amenas, então… tudo contribui para uma ebulição. Por isso que acho que você deve deixá-la esfriar.
— Maya também acha. Eu vou acatar isso. Dar tempo ao tempo. Espero que ela não me odeie pra sempre.
Terminamos de almoçar, e Sunny se despediu. Fiquei pela frente do refeitório, pensando para onde iria, mas Jae me alcançou antes que eu partisse.
— E aí, mano?
— Ah, oi, Jae — eu disse, me preparando pra mais uma palestrinha terapêutica.
— Mano, ainda bem que você conseguiu contornar.
Franzi o cenho.
— Contornar o quê?
— Essa conversa com a Sunny… ela podia ter descoberto sobre o…
— Ah, entendi. Não se preocupe. Eu prometi guardar esse segredo, e eu vou cumprir isso. Sou fiel à nossa amizade, acima de tudo.
Ele assentiu.
— Legal saber que a Sunny foi uma opção — comentou ele.
Eu o encarei, sem saber se ele estava brincando ou o quê.
— Ah, esse papo esquisito de novo não — reclamei, mas Jae riu, o que me indicou que ele estava bem humorado sobre isso.
— Fala sério, Gui. Vocês são bem próximos, aposto que ela seria sua escolha em uma situação diferente.
Dei de ombros.
— Eu confesso que preferia me casar com alguém que eu já conheça. Alguém com quem eu já tenha algum laço. Nesse sentido, a Sunny seria ótima — eu disse, e, depois, encarei Jae, que estava com aquela cara, fingido ciúme. — Mas imagine só se eu iria querer entrar nesse páreo. Já tem você e o Taesung disputando ela, eu que não entro nessa briga.
Nós dois rimos. Eu esperava que Jae realmente não estivesse chateado com aquela história.
— Vamos dar uma volta? — perguntou Jae. — Acho que você tá precisando relaxar.
— Se você não vai me sequestrar, podemos dar uma volta.
Nós rimos novamente e começamos a caminhar pelo campus.
— Tem algo pra me contar? — perguntei.
— Sobre o quê?
— Não sei, talvez… sobre a Duda…
— Ah, só porque treinamos juntos aquele dia?
— Não sei — dei de ombros.
— Bom, nós estamos um pouco mais próximos, sim, depois do seu término.
— Devo me preocupar?
Jae me encarou, surpreso, mas percebeu que eu estava me segurando para não rir, então gargalhamos de novo. Jae era um dos meus amigos mais fiéis.
— Você é um idiota — disse ele. — Mas eu posso contar o que falamos sobre você… — ele usou um tom que deixou a oferta tentadora.
— Falaram sobre mim?
— Sobre o ocorrido.
— Hum. Sei. E você se… posicionou?
— Não falamos sobre você — ele enfatizou. — Bom, não muito. Ela me contou mais sobre o que aconteceu com Felipe… Me explicou que foi um mal entendido, e tals… mas ela também me contou, com muita certeza, sobre como ela é apaixonada por você.
— Ou era…
— Eu acho que ainda é, mano. Essas coisas não somem assim. Bom, eu espero que não… mas enfim. Ela tava na sua de verdade cara.
Franzi os lábios, novamente me arrependendo.
— É uma droga, isso — eu disse. — Não devia mesmo ter feito o que eu fiz, não sei o que me deu na cabeça… mas agora não tem mais volta. Muito menos com esse noivado.
— Pequenas decisões amargam nossa vida. E, agora, temos isso em comum.
— Uau, que coisa boa para se ter em comum — nós rimos de novo. — Fico feliz que esteja se aproximando da Duda. Sei que você já tem muitas preocupações, Jae, mas… se estiver ao seu alcance… peço que tente cuidar dela, emocionalmente.
Ele assentiu.
— Claro. Ela é minha amiga. Vou fazer o que puder para que ela fique bem. E você…
— Estou sempre sendo o melhor que posso para Sunny — devolvi. — E estamos quites.
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